Estava – ainda estou, mas escolhas precisam ser feitas – sem conseguir escolher qual título para mais este texto. O concorrente era “Da Estética da Globelezação Brasileira” – afinal estamos em ‘época de carnaval’. O ponto é que incomodaram-me bastante o tipo de repercussão e comentários sobre o episódio “strip por seiscentos reais – não pagos – no baile funk”.
Não que eu vá ‘aprovar’ ou mesmo ‘desaprovar’ a atitude da jovem aspirante a stripper. Prefiro fazer alguns comentários conjunturais. Nossa grande e hipócrita sociedade, horrorizada com tal ‘desfrute’, desceu o sarrafo – para me expressar “no popular”. Comentários sobre o absurdo, o despautério e o descabimento da atitude da jovem vieram acompanhados de toda a pompa e circunstância econômico-moralista: afinal, trata-se do subúrbio, e as meninas pobres... bem, os pobres no Brasil são apenas os pobres.
Não obstante, algumas semanas depois chega o carnaval. E com ele, as propagandas no horário “nobre” com a belíssima (?) Globeleza nua, só “retocada” pseudo-artisiticamente. Essa nudez não é despropositada, descabida, absurda ou imoral. De forma alguma. Essa é a nudez, literalmente, para inglês ver. Esta nudez, acompanhada de muitas outras como destaques, ala das qualquer-coisa, atriz de TV soltando a franga e o diabo a quatro... bom, essa nudez é elogiada. Idolatrada. Adorada. Estimulada. RECOMENDADA. Nossos juízes estéticos, bem ao gosto do século XVII, se outorgam a autoridade de apontar: a bela nudez e a horrenda nudez. Proclamam-na, a bela, é óbvio, como representação mais-que-legítima da “Cultura Brasileira” – seja lá o que isso queira dizer. Zelam muito bem pela manutenção da imagem de pseudo-indígenas comedores de banana que gozamos mundo afora – desde, pelo menos, Carmem Miranda “representando” o Brasil com bananas na cabeça.
Temos a jovem do baile funk, que é mais uma entre outras jovens que frequentam bailes funks nas periferias. E todas elas, são Globelezadas todos os dias, pelas novelas, programas de humor e tudo mais que passar na programação geral para pobre ver. Afinal, sexo vende, e vende muito bem, obrigado. Os famosos podem. É o jeitinho capitalístico-brasileiro de funcionar: finge que dá com uma mão e bate – bem forte – com a outra. Todos são iguais mas uns são mais iguais que os outros.
Não que eu vá ‘aprovar’ ou mesmo ‘desaprovar’ a atitude da jovem aspirante a stripper. Prefiro fazer alguns comentários conjunturais. Nossa grande e hipócrita sociedade, horrorizada com tal ‘desfrute’, desceu o sarrafo – para me expressar “no popular”. Comentários sobre o absurdo, o despautério e o descabimento da atitude da jovem vieram acompanhados de toda a pompa e circunstância econômico-moralista: afinal, trata-se do subúrbio, e as meninas pobres... bem, os pobres no Brasil são apenas os pobres.
Não obstante, algumas semanas depois chega o carnaval. E com ele, as propagandas no horário “nobre” com a belíssima (?) Globeleza nua, só “retocada” pseudo-artisiticamente. Essa nudez não é despropositada, descabida, absurda ou imoral. De forma alguma. Essa é a nudez, literalmente, para inglês ver. Esta nudez, acompanhada de muitas outras como destaques, ala das qualquer-coisa, atriz de TV soltando a franga e o diabo a quatro... bom, essa nudez é elogiada. Idolatrada. Adorada. Estimulada. RECOMENDADA. Nossos juízes estéticos, bem ao gosto do século XVII, se outorgam a autoridade de apontar: a bela nudez e a horrenda nudez. Proclamam-na, a bela, é óbvio, como representação mais-que-legítima da “Cultura Brasileira” – seja lá o que isso queira dizer. Zelam muito bem pela manutenção da imagem de pseudo-indígenas comedores de banana que gozamos mundo afora – desde, pelo menos, Carmem Miranda “representando” o Brasil com bananas na cabeça.
Temos a jovem do baile funk, que é mais uma entre outras jovens que frequentam bailes funks nas periferias. E todas elas, são Globelezadas todos os dias, pelas novelas, programas de humor e tudo mais que passar na programação geral para pobre ver. Afinal, sexo vende, e vende muito bem, obrigado. Os famosos podem. É o jeitinho capitalístico-brasileiro de funcionar: finge que dá com uma mão e bate – bem forte – com a outra. Todos são iguais mas uns são mais iguais que os outros.
9 comentários:
É isso aí, meu chapa.
Pra ser bonito e respeitável tem que pagar pedágio para a mídia. O que está com ela é belo, maravilhoso e autêntico( desde que obedece o pré-requisito de manter as coisas nos seus lugares: os oprimidos sempre oprimidos e os opressores sempre opressores)e o povo, com a sua habitual preguiça mental, repete as idéias passadas como se tivessem saído de suas cabeças.
Gde observação Léo.
A hipocrisia reina e determina valorização a moral.A imoralidade da nudez no baile funk é porque é coisa de "negro" e "pobre", tornando-se então vulgar e marginal.
Leo, já tinha lido o texto a algum tempo, mas agora acabou a preguiça e resolvi escrever. Primeiramente parabéns pelo blog, a ideia é tao boa q resolvi copiar! Logicamente uma mimesis com a melhor das intencoes! uahuahu
Qnt ao texto especificamente, a coisa q mais me chama atencao é a relacao q tb tem me incomodado a um tempo. A saber, a relacao entre estetica e política.
vc salientou pra relacao de 'intromissão' de nossa política de dominacao nos ambitos da estetica. Isso é, nossos meios dominados por uma lógica de classe impoem uma conformacao ao juizo estetico comum. Mas o contrario tb é possível de ser pensado pelo texto, a estetica do corpo, q vende bastate por sinal, é a forma de relacao politica mais evidente atualmente.
Moralismos a parte, como vc bem falou, a pergunta q fica pra mim é: até q ponto é possível esse 'juizo de gosto'de classe? Até q ponto o belo do striper do baile funk (q por sinal deve ser bem agradável!) n é espressao da msma decadencia vinculada pela tv d massa, só q digamos numa embalagem menos rebuscada? se o belo d q tanto a gente fala é politico, qual é a linha do q é expressao e do q é dominacao? N estamos correndo o risco d uma simples inversao simples e salvacionista do popular?
grande abraco rapaz,
Caro Daniel,
Seu comentário encaminha a reflexão numa direção que eu não havia tomado, o que, sobremaneira, NÃO o torna impertinente. Eu só pretendia apontar a contradição nudez x nudez: pode e não pode. Esse blog é um espaço meio reclamçao mesmo, só vou ficar apontando o dedo, aueaheuaheiaehaui. Agora na real, a questão da possibilidade de um juízo de gosto de classe, pra usar sua expressão néokantiana é claríssima pra mim. Se outrora tínhamos civilizações muito distantes que mal se tocavam, hoje temos uma exagerada "proximidade" (aquela q Heidegger descreve em "A Coisa") que faz com que tudo PAREÇA possível, perto, igual. Mas a real é que as pessoas do baile funk não tem a menor idéia do que estamos falando - e isso não é uma tentativa minha de traçar uma distinção social baseada no discurso de poder: é apenas uma constatação. A multiplicidade é hoje ainda maior.
Vamos pensar... abraço e paz.
Arrá!! Resolvi sair do armário e revelar que tenho prazerosamente - sim, com duplo sentido - acompanhado as aventuras literárias dos senhores filósofos. Não sei dizer se foi o assunto que me tocou (ou eu que desejo toca-lo), mas quero deixar minhas impressões sobre a nudez, pra exagerar na ambiguidade.
Realmente existem concepções contraditórias quanto a exposição das partes, bem como o uso destas. Acho que cabe um Vinícius:
"(...) Nossa famosa garota nem sabia A que ponto a cidade turvaria este Rio de amor que se perdeu (...)"
Bem, nossa garota de fato não compreende a influência social em seus peitos... digo, feitos. Podemos então, desenvolver masturbações filosóficas ou políticas, todas de muito bom grado, diga-se de passagem. Mesmo os canais de mídia que têm "licença para mostrar" são um termômetro cultural, expondo assim, a olho nu, o consumo sexual "pocando". Então, quando falou-se em inventar de novo o amor, percebemos todo o engajamento social, político, ideológico e econômico para este fim. Façamos!!
Bem vindo, Tiago!
exagere nas ambiguidades e no sarcasmo que estará em casa!
abraço
Pensemos e façamos!
Ola , concordo com todo o texto, sem tirar nem por...
O fato é que a diferença social é que manda... a jovem é pobre.. ñ é famosa etc e tal...
mas é o que ja supra citaram...
" pagando a mídia" tudo fica liberado e normal...
abraços.
ah se fosse uma cicarelle!! Talvez ela tivesse conseguido um contrato de apresentadora de tv. No dia seguinte da exibiçao da moça, essa imprensa de merda do estado (perdão, não só do estado, é que não fui apresentado a nenhuma imprensa que não defenda apenas o interesse dos "bons cidadãos") procuraram alguns especialistas em "moral da putaria" para explicar o ocorrido,entrevistaram um delegado, um pastor, e uma meia duzia de pessoas que nunca passaram perto de um pancadão no Nautico, quem dirá de uma preriferia. satisfazendo a fome de hipocrisia de nossa sociedade. O delegado disse que ela seria "punida" (não comida), sacanagem, provavelmente inundaram a cabeça dela com aqueles discursos morais(que só de pensar passo mal), ela se disse arrependida, sacanagem, talvez não tire a roupa agora nem pra tomar um banho, pô sacanagem maior é que tudo isso é que foi de "graça", (excluindo é claro sua exposição na midia que custa caro pra quem der o azar de cair), e caso ela acredite em discursos de todas as outras pessoas "corretas" que são as que mais dão conselhos e conselhos grátis, pode-se acrescentar alguns traumas) ... ela nem levou os 600 reais... ela não vai julgar e nem punir ninguém, pois isso na atual realidade é um "privilégio" de poucos... isso é sacanagem.
Nudez no carnaval e na mídia nada mais é que um grupo de espertalhões sacanas faturando em cima de mulheres enganadas que pensam em conseguir vida boa, fama e dinheiro de forma fácil e rápida, tendo como único atributo um belo corpo, quer vai se esvair ao longo dos anos, assim como o que conseguirem arrecadar - fora as horas que passarão gemendo na cama.
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